domingo, 8 de fevereiro de 2009
O Homem do Século XXI – Parte 3
As empresas do século XXI terão de assumir mais responsabilidade ainda pelos aspectos físicos de seus negócios: o que produzem, como produzem e até onde se instalam. O capitalismo industrial criou um mundo que está mais interconectado do que jamais foi. Ao mesmo tempo, paradoxalmente, a conexão entre as pessoas se torna menos evidente. Podemos entrar numa loja e comprar produtos de todos os cantos do mundo. Mas, acessando virtualmente essas lojas não temos a menor idéia do que os trabalhadores fizeram para fabricar aquele produto ou se as indústrias em que eles trabalharam prejudicam o meio-ambiente.
Assumir responsabilidade pelas implicações sociais da sua empresa não é fácil. Mas seus clientes vão começar a pedir que você o faça, e os governos vão exigir. Os executivos devem levar em conta os efeitos que suas empresas exercem sobre os ecossistemas mundiais. A maioria das pessoas vai estar envolvida, de uma forma ou de outra, em trabalhos voluntários e ações sociais. Isso pode significar que talvez as pessoas prefiram cuidar de ações sociais a fazer viagens de fim-de-semana ou ir ao cinema ou ao clube. Lazer custa caro e cansa. Trabalho voluntário colabora para o crescimento das pessoas.
A tendência é tão forte que, daqui a 20 anos a empresa que não for socialmente responsável estará morta. O mundo vai entrar numa nova dimensão, onde a sociedade e as empresas vão assumir papéis antes destinados ao governo.
Podemos perceber que, apesar de termos criado inventos extraordinários em quase todos os campos da atividade humana, nós ainda não conseguimos fazer com que grande parte da população mundial tenha acesso ao básico. Afinal só quem pode pagar a conta vai ter o direito de utilizar a high-tech.
Ao projetarmos um mundo para as próximas décadas, é fundamental enxergar a parcela da população global que vem aumentando: a dos que não tem condições de acesso a todas as maravilhas da tecnologia moderna. Mais do que isso, a enorme maioria de pessoas que ainda vive com o mínimo.
Atualmente, 1,3 bilhão de pessoas no planeta vive abaixo da linha da pobreza absoluta – (que vivem com menos de 1 dólar por dia) – Desde 1980, cerca de 15 países em desenvolvimento tiveram crescimento econômico, mas 100 outros estagnaram ou declinaram, o que significou renda menor para 1,6 bilhão de pessoas. Mesmo em países desenvolvidos, a desigualdade vem aumentando. É o surgimento do “Quarto Mundo”.
A distribuição de renda na França contemporânea é tão desigual quanto a que prevalecia às vésperas da Revolução Francesa. A distribuição de renda na Inglaterra é pior do que no final do século XIX. Nos últimos 30 anos, a taxa de desigualdade dobrou.
O desafio é como usar o conhecimento para inventar soluções para o desequilíbrio social. Que novos empregos e oportunidades empreendedoras devem surgir? Movidos por sua consciência, empreendedores hoje “comerciais” estarão cada vez mais se transformando em “empreendedores sociais”. Pessoas privilegiadas capazes de adentrar na “Era do Ócio”, encontrarão formas criativas de ser úteis, fazer a sua vida valer a pena, fazer diferença. A educação tenderá a entrar em sintonia com esse processo de gigantescas proporções.
Escolas e universidades serão reinventadas para preparar pessoas capazes de ajudar a atender as necessidades da sociedade com soluções criativas e, principalmente embasadas nos valores humanos mais essenciais. Em suma, uma educação voltada à formação do caráter.
Pode ser até que o seu curso universitário não tenha realmente nenhuma importância, mas nos dias atuais ter um diploma vai continuar sendo importante.
O essencial, é que você saiba pensar, resolver problemas e lidar com outras pessoas. Que seja versátil.
O novo ensino poderá ser assim resumido: mais educação, mais cultura e nenhuma preocupação com preparação para o trabalho.
Para 90 % das pessoas que estarão nos escritórios ou trabalhando no prédio vizinho, o importante será a educação, não a formação. Também a forma como encaramos a quantificação da inteligência se transformou. As múltiplas inteligências de Howard Gardner e a inteligência emocional de Daniel Goleman podem nos dar uma idéia do que está por vir.
Os avanços da tecnologia vão ser fantásticos, viveremos mais, no entanto junto com a ampliação da expectativa de vida, novas doenças também podem aparecer. Podemos imaginar um futuro onde daqui a 20 anos os chips de computadores custarão menos do que o papel usado para embrulhar chiclete, e os computadores pessoais serão peças de museu.
E daí? Será que estaremos cada vez mais dependentes da tecnologia? Em vez de a tecnologia nos dar mais tempo livre para descanso e lazer, está nos obrigando a trabalhar 16 horas por dia. Há uma inversão de valores: nós estamos servindo à tecnologia, em vez de ela nos servir. A tecnologia vai estar incorporada em todas as coisas, não só nos computadores, mas também nas geladeiras, fogões e até no seu relógio de pulso.
E ela deve estar incorporada ao nosso dia-a-dia não para nos sobrecarregar, e sim para nos poupar tempo.
O tempo será um artigo cada vez mais importante. Tecnologia que atrapalha morre. Também o fator humano foi colocado de lado. Um dos grandes desafios do futuro será reverter essa roda-viva. A vida não é só trabalho. Outra implicação é que, se continuarmos nesse ritmo, em breve viveremos um acalorado período de crises éticas e existenciais, cujo esboço já se apresenta hoje.
Que tipos de emprego vão ganhar relevância? Aqueles que envolvem duas coisas que a tecnologia não consegue fazer. Os computadores não têm bom senso e não possuem visão real. Por isso é impossível automatizar trabalhos humanos especializados. Um segmento que vai se ampliar tremendamente é o de atividades ligadas ao lazer. O setor de entretenimento, que já é grande, vai crescer ainda mais.
A Web vai permear tudo na vida das pessoas. Tudo por comando de voz. O nível de automação vai ser altíssimo. Mas a grande maioria das pessoas vai ter mais tempo para si, para se educar, para se divertir, para resgatar o seu lado mais humanista. Mas será também uma sociedade mais segmentada, um mundo de especialistas, no qual você terá mais controle sobre a sua própria vida.
Por outro lado alguns especialistas dizem que além de ser muito bom em alguma coisa você vai precisar também ter uma vasta cultura geral. O profissional multitarefa vai conquistar posições no mercado de trabalho, circulando pelas mais diversas áreas de atuação. No futuro as pessoas vão mudar muito mais de cidade, de estado. Segundo Peter Drucker, (Revista VOCÊ s.a./ dezembro 1999, fls; 38.) “corremos o risco de nos tornarmos” bons demais “naquilo que fazemos”.
E o aumento da expectativa de vida profissional pode criar a necessidade de empreender uma “carreira paralela“ – trabalhar, por exemplo, numa organização sem fins lucrativos.
E como você pode saber que chegou a hora certa para fazer uma mudança em sua vida profissional? A resposta é: “quando você percebe que quanto mais trabalha menos se realiza”. O mesmo Peter Drucker também nos confirma que estamos chegando ao fim das corporações.
O emprego, como conhecemos, talvez não exista mais no futuro. Isso significa que temos de imaginar uma vida na qual trabalharemos apenas para nós mesmos. Mas fazendo o quê? Como concorrer com um mercado global, onde estarão disputando milhões, bilhões de pessoas.
A primeira coisa a fazer é encontrar e desenvolver os talentos que você tem. Os talentos que só você e mais ninguém tem. Toda pessoa é única. No futuro, será fundamental expressar toda a sua criatividade. Todo trabalhador deverá ter, necessariamente uma alma de artista. Artistas costumam colocar paixão no que fazem. Pois, segundo dizem os visionários, no novo milênio todo negócio deve ser um show.
As pessoas vão ter que atuar e pensar como artistas. E uma das características do artista é que ele gosta tanto do processo quanto do produto, gosta do ensaio e da apresentação. Seu senso de missão é muito claro e objetivo. Ele realiza o seu sonho enquanto trabalha.
O próprio sentido da troca de trabalho pelo capital irá se transformar. Na era industrial você me dava o dinheiro e eu lhe entregava o ouro. Daqui para frente eu terei uma idéia, você o dinheiro e, é claro eu lhe darei a idéia. Só que a idéia continuará comigo! Outra possível revolução pode acontecer em relação aos produtos.
Alguns produtos poderão chegar de graça nas mãos dos consumidores. Seu custo será diluído no consumo freqüente e fiel de milhões de pessoas. Assim, geladeiras terão custo zero, desde que você só compre no mesmo supermercado. Carros serão de graça porque você vai gastar bastante em combustível, pneus, acessórios e peças de reposição – e todos esses fabricantes e distribuidores vão bancar os carros, porque terão interesse em criar uma gigantesca rede de consumo.
Mas se as coisas tendem a valer menos, então o que vai valer? Simples: a atenção humana. O tempo e a energia das pessoas – dos consumidores e também dos trabalhadores, aqueles que produzem – serão disputados segundo a segundo. Daí as relações humanas tornarem-se a pedra fundamental do mercado. E não só do mercado, mas também a base da revolução social que está por vir. Durante algum tempo o homem acreditou na racionalidade como se ela fosse algo que pudesse ser dissociado do próprio homem. Isso fez com que o homem se aproximasse da tecnologia e se distanciasse dos outros homens. As relações humanas atingiram um nível de distanciamento nunca antes visto na história da humanidade, apesar dos extraordinários avanços das telecomunicações. Você é capaz de conversar com um desconhecido na China através de um Web-chat, mas não faz a mínima idéia do que acontece com o seu vizinho da porta da frente. Precisamos nos preparar para a nossa grande revolução, só que desta vez ela não vai ser externa, e sim interna. Se não sabemos o que acontece com o nosso vizinho, o podemos dizer de nós mesmos?
Está na hora de percebermos a grandeza e a multiplicidade do que realmente é “ser humano”. Ao tomar consciência de que o homem é um ser bio-psico-social, teremos uma nova visão macroscópica a partir de uma melhor visão microscópica de nós mesmos.
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Pensamos do mesmo jeito, falamos a mesma lingua, nos damos super bem mesmo à distancia....por isso não posso menosprezar a tecnologia....sem ela, o que seria desta amizade? Tecnologia tem , sim, sua serventia,desde que se veja nela a oportunidade de se ser inteiro e feliz, de perto ou de longe. Bjs virtuais
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